sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

A(na) / (mo)

love Pictures, Images and Photos

Este texto, vai ser em todo a sua cor, aquilo que consigo pensar.
Vou tentar abranger todos os recantos mais poeirentos e delapidados do nosso jardim sonhador.
Percebe, pois é para ti, menina da hora incerta.

És neve que acalma em cima de serras ventosas, fogo que se instrui em mim.
Lume brando que se regurgita nos meus pensamentos mais imperceptíveis, nas minhas palavras mais surreais. Nesta prosa poética indigna de ser escrita por cima de tudo o que és.
Mereces ser alimentada, crescer, atear o todo do tempo e da extensão.
Flama de tudo aquilo que foste, és, serás.

Será que imaginas as noites sem o teu baloiço seguro e velho?
Será que por vezes baloiças para a minha roda perigosa e incolor?
Morrerias um dia abraçada a todo o diâmetro da minha complexidade giratória?
Será que infeliz, me abraçarias, num gesto resignado de vontade incorrecta?

Não tenho a tua vontade estudantil neste parque infantil, de que nada tem de pureza juvenil.
Quiçá estas rimas idiotas não pintarão um dia de preto os teus sonhos mais assustadores…
Baloiça na chuva doce, real Ana.
Baloiça nessa tua felicidade, que tanto tento assolar com o meu ego.

Baloiça e nunca olhes para o chão, não vejas onde estou. Não morras por favor!
Descansa, apoia os pés na minha condescendente mágoa, dá-me a felicidade pela ponta dos teus pés.
Embala-te para a frente, nunca para trás, perpetua o teu olhar e que nunca lágrimas tuas me caiam na minha cara poenta.
Estás feliz a tua maneira, com o teu jeito que amo como meu, com o teu toque frio e atrevido que saboreei nos comboios.

Poderia reentrar no teu trem. Distante, na carruagem equidistante a tua.
Podia correr ao lado, como corro agora na minha mente infértil e maldosa.
Olha pela janela e vê a chuva em toda a sua ociosidade sobre mim.
Vê como a combato por ti, inutilmente.
Deixa me parar um pouco… Espera!


run. Pictures, Images and Photos

Espera pela esperança reflectida que deixastes para trás na paragem.
Naquela mesma paragem onde pude sentir o teu abraço, docemente verdadeiro, como se toda a mentira de todos os mundos fosse obsoleta.
Nesse jogo lógico, fui feliz. Nessas tardes corridas, consegui cheirar e tocar o mundo contigo.

Fiquei para trás como este texto pobremente estruturado.
Que queres?
Sinto demasiado agora.
Sinto me demasiado exangue para escrever sobre o nós.

Não mereço o teu bálsamo branco, irmão da tua pele igualmente leitosa.
Não granjeio o teu bafo distante, dos sorrisos que fracamente faço lembrar na tua face.
A tua face… Tenho saudades da tua face escondida em sentimentos quando distante do nosso todo.
Recordas-te?

Recordas-te como ria-mos e fugíamos às horas que teimavam em pregar gambérrias?
Lembras-te como a distância e o tempo nos tramaram?
Lembras-te como te prezava?
Lembra-te…

Enfatuo o meu choro, pois admito que mereces as lágrimas. Mereces o sal.
Não quero lacrimar longe de ti.
Merda!
É infernal estar longe do teu coração vermelho e preto.

É horrível estar tão perto da tua dolência confusa. Dessa tristeza que afogas, golo a golo, na tua meia de leite nostálgica. Emparelhada pelo futuro que desejo.
Vem tempo, vai distância, abraça-me e afinca-me essa faca que sei que tens junto ao peito.
Morde a minha carne pelo que nunca poderá ser. Pelo “nós” inconjugável.

Pelo “nós” que deixei morrer atropelado pelo teu comboio.
Não culpo o maquinista.
Mima-te, leva-te mais aquém que os carris conquistam.
Ama-te, como tu mereces.

Estou triste Ana.
Estou triste por tanto.
Estou choroso e frio.
Estou perdido e não quero ser achado.

Como ostentava o teu amor…
Como negava a separação dos céus negros.
Como te beijava a chuva, sentido e perfeito.
Como te sinto agora.

Como gostava de termos descobrido o amor carnal juntos e inseparáveis por qualquer parede ou espada que se atrevesse a atravessar a nossa pele quente.
Merda Ana! Como gostava de ter sido o único franzir da tua testa, o único ripostar hirto de uma ou outra discussão.
Como gostava que me amasses.

Vou escrever sempre neste bocado de papiro evoluído. Sempre que te despires em letras pensadas por mim. Sempre que rastejares límpida por todas as minhas noites sonhadas.
Vou escrever sempre neste bocado de papel intocável.

Desculpa a simplicidade desorganizada de todos estes pensamentos mas tudo o que és em mim é de uma simples infinidade complexa.
Tudo o que conjecturo nos teus olhos, está embainhado, tal pistola ou cume de faca, no indizível, inenarrável.
Existes perfeita e intangível nos meus textos.

Só nos meus textos.

Chorei, choro, chorarei.
Amei, amo, amarei.
Te.

2 comentários:

Rita Rogeiro disse...

Este texto até arrepia...
Está lindo, Palhota!

Emms. disse...

it does indeed.
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