sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Comboio

Existem conjucturas assombrosas entre vidas aparentemente díspares, afastadas à distância de um tiro no escuro.
Mas acredita em mim senhora das escritas, nunca me aborri tanto como quando disparei contra nós.
Já lá vai o comboio das cinco, e nele partiste tu apressada com medo que a tua juventude te fugisse por entre os carris.
Estou na estação vestido de um preto inexorável a correr atrás do comboio que não pára.
Espera.

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Não abeato.



“Não, erradamente não penses que me esqueci de ti.
Não te enganes assim, que eu não deixo.
Não teimes comigo, que sabes que eu sou o dono e o senhor da razão.
Que eu sei tudo e nada pode provar em contrário.
E infelizmente também sabes que, só sei o desacertado do que penso e só tenho o que escrevo.
Volta e deixa-me ter o que tu escreves apaixonadamente outra vez.”

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Unforgiven

What I've felt
What I've known
Never shined through in what I've shown
Never be
Never see
Won't see what might have been
What I've felt
What I've known
Never shined through in what I've shown
Never free
Never me
So I dub thee unforgiven.

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Hill of Red



Hill of Red

Umbrella riddled sky of people crazed below
Below in a time crazed flow, in a little row
Little row in which a little rose red stands even littler
Little than the littlest gray color in the mother of Whistler

In dull gray paintings, this itsy sister rose upon it all
All the dark tall misters of a World of a many great wall
These walls of which spurn upon the littlest of heart
Is there no row for the littlest of the red rose caught?

She shuns the big grey wall, with the mightiest shun of all
And runs for the steepest of hills, nigh heaven the great hill spills
With the greatest sight of tall

In the farthest away of black spot
The littlest of red rose heart sits atop, the biggest hill of all
That roses upon the not so big, darkest city of pall.

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Pesar de eras



“Olá minha caríssima,

Tu não me conheces, não como eu sou em todo o meu horrível esplendor.
Mas eu conheço-te tão bem que seria mais do que um choque de minutos, abalar-te-ia todas as tuas noites em branco.

Os teus caprichos e as tuas remessas de amor não correspondido são o meu pão de cada dia.
Todos os teus modos e maneiras de ser, as tuas multiplicidades excêntricas e pequenas são gotas em folhas e folhas de papel.

Podia mesmo pausadamente dize-lo para mim ate adormecer, sei-te de cor.

As minhas célebres mentiras e jogos desejosos e carnais enfraqueciam-nos.
Cada dia as minhas banalidades sumptuosas levavam-te para aquela realidade que ambos queríamos mas que ambos sabíamos ser para além do inalcançável.

Sei que nunca estive presente naquela forma arqueada que gostavas que estivesse, aquela forma amorosa de amor mais íngreme que o carnal.

Mentia-te tanto meu amor, nas palavras que pensava serem minhas como na certeza que te dava que tudo iria durar para sempre!
E agora odeio-me, e num pesar que só eu e tu compreendemos me arrependo de cada falácia e mentira que te fazia cócegas no teu ouvido.

Mas numa coisa fui sincero, minha querida, e nisso nem todas as coisas distorcidas que disse podem apagar.
Eu amei-te em cada toque nosso, o toque só nosso e que só nós conhecíamos e conhecemos tão bem.

Naquela incrivel tarde, mirava-te de junto da minha pequena e estragada guitarra enquanto te encantavas com a maresia e o mar.

O nosso separar todos os dias em uma e outra estação de comboio era o meu malfadado sacramento.
A realidade matava-me só por saber que nunca te poderia amar sempre como queria tanto e tanto, e nesse momento, nesse momento que me faz penar ainda hoje e agora, eu deixava de te amar.

Nunca o quis, queria-te. Quero que me olhes de novo como olhavas. Apenas que desta vez, sem promessas, eu olhar-te-ia de volta.

Remember



"...I forgive but I never forget."

A ultima visita



[Presente]

Surpreendentemente, o velho casarão não pareceu suportar tão corajosamente o relento dos tempos como me disse o meu avô.
Mesmo tendo seus encantos, a casa velha respirava mal e notava-se o cansaço de sua madeira ao longe.

A relva que ostenta um bonito jardim ladeado de uma fina e frágil cerca amarelada parece não ter envelhecido. Tem um peculiar cheiro a relva acabadinha de cortar. Um cheiro refrescante que contrasta eximiamente com o cheiro a lenha queimada e madeira já não tão nova.

Ao aproximar-me das pequenas escadinhas do alpendre sinto-me num limbo entre gerações, entre passado e o presente.
Á mais pequena pressão a madeira estala e chia como de dor sentisse.

É estranho, consigo imaginar uma longa estirpe a passear, desgastando o soalho do alpendre.
Consigo conceber uma jovem senhora sentada a fumar uma cigarrilha sentada na rede rasgada e velha, apreciando eximiamente o gosto do tabaco.

[Passado]

(Num quarto negro e escuro, um irreconhecível homem amarra uma frouxa e torcida mulher a um velho cadeirão de lenho frio e antigo. Irá transpirar uma ténue linha que iria manchar gerações e gerações.)

- Não me podes manter aqui contra a minha vontade!

- Cala-te!
Não entendes a vontade Dele, ninguém entende! Ele chegou-se me em sonhos distantes, falou-me do Seu objectivo, falou-me de mim e do que necessitava de fazer.

- Perdes-te completamente a razão e o que restava de ti. Não estás destinado a grandes feitos como pensas que estás, és humano como todos nós, não te convenças de uma ideia de sublime no teu destino mediano e mundano.

Atingiu-me de novo, desta vez cedi um pouco e os sentidos misturavam-se com o além.
Estava levianamente consciente. Consciente o suficiente para reconhecer o antigo e rombo punhal que meu pai raptou do pó.
Aproximou-se, fora de si, feito outro ser, desferiu uma fala ininteligível, um murmúrio seco e sinistro. Um murmúrio que conhecia bem.

- Eu amar-te-ei sempre filho.

Negrume.

[Presente]

O velho casarão como que me esperava a muito tempo. Parecia sinistramente vivo.
Agarrei a maçaneta de prata, pesada e imemorial e entrei.
Um bafo quente e estranho como de alivio e pesar se tratasse arrebatou-me os cinco sentidos por completo.

A minha avó sempre me proibiu de vir a esta casa escura. Disse que não era para meninos como eu.
Já sou um homem.

Sorri e entrei dentro da casa, e um sentimento de desconforto caiu-se-me sobre o corpo. Um sentimento de que não deveria estar ali. Um ar pesado pairava em cada passo que dava e velhos quadros de linóleo deitavam-me olhares de esguelha enquanto entrava.

[Passado]

(De volta ao mesmo quarto provecto e recôndito.)
- Não Tinhas o direito de me expurgar de compaixão deste modo!
Não cometi um pecado pois não? Fala-me Senhor!
Alivia o meu pesar com o Teu sentido renegado!
Juntar-me-ei a ti e ao teu semblante perfeito e excomungado de inglória!

(O velho punhal de novo prova o sangue conspurcado de sua família.)

[Presente]

Um velho terço de prata revolvia-se junto a uma grande brecha lateral no hall de entrada como necessitasse de atenção de alguém já há muito tempo.
A casa parecia-me incomodada por algo, sentia-a vazia na maioria. Um vácuo espiritual gravíssimo.
Esta velha casa de família padecia de mercê. Talvez devesse ter ligado importância a
minha avó.
(Senhora sábia a minha avó.)

Algo que eu sentia indigência de oferecer.
Senti-me empurrado diante de uma ignóbil e macabra portinhola vermelha. Um velho chapeu e casaco adornavam a parede a seu lado, intocados, como que se abandonados tivessem sido. Abri-a e senti-me fosco. Senti-me antiquíssimo.
Deixei-me cair. Acheguei e mil memórias vaguearam por mim, procurando algo bem fundo do meu crasso corpo.

Mirei o motivo dos conselhos da minha sábia avó.
E nesse momento soube o que a penúria me levou a oferecer.

Decessa.

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

“Não imagino quais e quantas cartas sem destinatário me passaram do nada para o concreto sobre o pesar e o pensar da comunidade.
Aliás permaneci, comuto, a esse tema durante muito tempo pois a minha ideia fixa não iria mudar milhões, nem o pretendo.
É irrelevante. O pestanejar lento e incrédulo sobre o que nos abrange vem de nós, nada nem ninguém nos pode incutir ideias próprias. Parece absurdo.
Mas se lerem e pensarem com atenção irão atingir o tangível."

?

"Tears stream down your face, when you lose something you cannot replace."
- Coldplay -
"But, I'm just not crying..."
"...can I replace it? I think I didn't lost it at all."

Hello there



“Pessoa do outro lado da poeira. Não me vês? Estou a olhar-te nos olhos!
Estamos mais distantes que os pólos mas mais perto do que alguma vez poderás sentir.
Estamos ao alcance de um vitro implacável, cansado mas indestrutível.
Não existe um paralelo intocável entre nós, sabes? Entre o pó e o existente das nossas vidas.
Entre textos e olhares que trocamos mentalmente sem sabermos.
As nossas vidas não são paralelas, são um espelho dual. Uma vez se atalharam e tenho a certeza de que não vão insistir em continuar a afastar-se como duas estrelas que empalidecem com o passar das eras.
É inevitável o reconhecimento, algum dia irás ver para além de distâncias e para além de aparências.
Verás quem sou de novo. Como nas tuas viagens imensas, onde ensandeces pelo Mundo fora sem rumo, apenas com a tua mente instigadora e curiosa a guiar-te.
Não vou ser um souvenir barato que colocarás atrás das teias de aranha que fortemente teces para dominar um Éden que de nada verde tem.
Não gastarei palavras caríssimas contigo, já não sou rico, apenas quero que concebas o valor que tens e que nunca consegui embolsar.”

domingo, 17 de agosto de 2008

Carta para as palavras


"Palavras desbaratam em estrofes secas. Esquecidas pelo vento e pelo tempo afim.
Servem o seu propósito e nada mais. Um propósito verosímil e encantador. Mais imenso que uma noite escura e muito mais simples que o Sol.
O que temos para alem de tinta em papel desatinado pelos Sóis?"